Achei muito interessante esta analogia descrita no
livro de “A doença como caminho”, de Thorwald Dethlefsen e Rudiger Dahlke, onde
nos é apresentado uma nova visão da cura como ponto de mutação em que um mal se
deixa transformar em bem e que nos fala da seguinte comparação: um automóvel
possui diversas lâmpadas de controlo no painel, as quais só se acendem quando
alguma função importante do carro não está a funcionar como devia. Num caso
concreto, quando uma destas luzinhas se acende durante uma viagem, não ficamos
nada satisfeitos com o facto. Sentimo-nos obrigados a interromper o nosso
passeio por causa deste sinal.
Apesar da nossa inquietação, muito compreensível,
seria ridículo ficarmos zangados com a lâmpada: afinal, informa-nos sobre um
evento que, de outra forma, talvez nem notássemos, ou então demorássemos a
notar, visto que para nós está numa zona "invisível". Assim,
entendemos que o facto da lâmpada se acender equivale a um convite para
chamarmos um mecânico para que, com a sua intervenção, a luzinha se apague e possamos
continuar tranquilamente a nossa viagem.
É claro que ficaríamos muito zangados se o mecânico
apagasse a lâmpada usando o simples estratagema de retirá-la. Por certo, a
luzinha não se acenderia mais - e isto, de facto, é o que desejávamos, mas o
modo como o problema foi resolvido parecer-nos-ia pior do que incompetente.
Achamos muito mais sensato tornar desnecessário o aviso da lâmpada, em vez de
impedir que ela se acenda. No entanto, para isso, precisamos desviar a nossa
atenção do painel para os âmbitos subjacentes, e desta forma descobrir o que
afinal deixou de funcionar. A função da lâmpada é agir como um mero indicador,
levando-nos a fazer perguntas.
Aquilo que, no exemplo acima, é a
lâmpada de controlo, equivale no nosso caso aos sintomas, quer seja físicos ou
emocionais. O que constantemente se manifesta no nosso corpo como sintoma é a
expressão visível de um processo invisível, o qual deseja interromper o nosso
caminho por meio da sua função de sinal de advertência, indicando que alguma coisa
não esta em ordem. Isto faz-nos questionar os motivos subjacentes. Também neste
caso é ridículo zangar-se com o sintoma, aliás, é de facto absurdo desejar
apagá-lo, meramente impedindo-o de se manifestar. O sintoma deve tornar-se
supérfluo e não ser impedido de se manifestar. Mas para isso, também neste caso,
é preciso desviar o nosso olhar do sintoma e examinar tudo com mais
profundidade, e desta forma compreendermos para onde o sintoma está a apontar.
Desta forma estaremos a agir de forma responsável, continuando num processo
contínuo de modificação de comportamento, rumo à qualidade de vida. Está
totalmente nas suas mãos grande parte de toda a sua felicidade.
Bem hajam e atenção aos sintomas
Miguel Ferreira
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