segunda-feira, abril 11, 2011

Metáfora (Crenças)

Era uma vez um jovem príncipe que só não acreditava em três coisas. Não acreditava em princesas, ilhas ou em Deus.
O seu pai, o rei, lhe dissera que essas coisas não existiam. No reino do seu pai, não havia ilhas, princesas e nenhum sinal de Deus.
O jovem príncipe acreditava no pai.
Um dia, o príncipe fugiu do palácio para o país vizinho. Lá, para sua surpresa, de toda a 
costa ele avistou ilhas e, nestas ilhas, estranhas criaturas cujo nome ele sequer imaginava.
Enquanto procurava um barco, um homem em trajes de gala aproximou-se dele na praia.
- Aquelas ilhas são reais? - perguntou o jovem príncipe.
- Claro que são reais - respondeu o homem em trajes de gala.
- E aquelas estranhas e perturbadoras criaturas?
- São todas princesas autênticas e genuínas.
- Então, Deus também deve existir! - exclamou o príncipe.
- Eu sou Deus - replicou o homem em trajes de gala, curvando-se em reverência.
O jovem príncipe voltou para casa o mais depressa que pôde.
- Então está de volta - exclamou o seu pai, o rei.
- Eu vi ilhas, vi princesas, eu vi Deus - disse o príncipe acusadoramente.
O rei permaneceu impassível.
- Não existem ilhas, nem princesas, nem um Deus de verdade.
- Eu os vi!
- Diga-me como Deus estava vestido.
- Deus estava em trajes de gala.
- Estavam as mangas do casaco arregaçadas?
O príncipe se lembrava de que estavam. O rei sorriu.
- Esse é o uniforme de um mágico. Foi enganado.
Com isso o príncipe retomou à terra vizinha e foi até a mesma costa, onde mais uma
vez encontrou o homem em trajes de gala.
— Meu pai, o rei, disse-me quem é — disse o jovem príncipe indignado. —  enganou-me da 
última vez, mas não o fará novamente. Agora sei que aquelas não são ilhas, nem princesas 
de verdade, porque  é mágico.
O homem na praia sorriu.
- É quem está enganado, meu menino. No reino de seu pai há muitas ilhas e muitas 
princesas. Mas está sob a magia de seu pai, e por isso não pode vê-las.
O príncipe retomou à casa pensativo, e quando viu o seu pai olhou-o nos olhos.
- Pai, é verdade que não é um rei de verdade, mas apenas um mágico? O rei sorriu e 
arregaçou as  mangas.
- Sim, meu filho, sou apenas um mágico.
- Devo saber a verdade, a verdade acima da magia.
- Não há verdade acima da magia - disse o rei. O príncipe encheu-se de tristeza e disse:
- Vou-me matar.
O rei, por magia, fez a morte aparecer. A morte ficou em pé rui porta e acenou para o 
príncipe real. O príncipe estremeceu. Ele se lembrava das belas, mas irreais ilhas e das 
irreais, porém belas, princesas.
- Muito bem - disse ele. - Posso viver com isso.
- Vê, meu filho - disse o Rei. - Agora também começa a ser mágico.

1 comentário:

Elias Mendonça disse...

Metáfora impressionante, isto é muito rico! Sou formando em Psicologia Cognitiva-TCC, utilizei para concluir o tratamento terapêutico no meu paciente, fechou com chave de ouro. Obrigado!
eliasgmendonca@gmail.com