quinta-feira, março 03, 2011

O Samurai (Percepção é Projecção)

Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar da sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Numa certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que o seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais tinha perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo, e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras na sua direcção, cuspiu no seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No fim da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.

Desapontados pelo facto do mestre aceitar tantos insultos e provocações, os seus alunos perguntaram: "Mestre, como é que o pode suportar tanta indignidade? Por que não usou a sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?"

O mestre Samurai respondeu: "Se alguém chega até vós com um presente, e vocês não o aceitam, a quem pertence o presente?" "A quem tentou entregá-lo" - respondeu um dos discípulos.
"O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos" - disse o mestre. "Quando não são aceites, continuam a pertencer a quem os carregava consigo.

(Autor desconhecido)

1 comentário:

psijur disse...

Pois é...
Há muito que digo isto mesmo.
É claro que o importante na verda é fazer! Para além de se pensar de determinada forma, importa agir em conformidade e com congruência.
Na verdade, quando atiram uma casca de banana para um macaco dentro duma gaiola, ele vai preocupar-se com isso... Se conseguirmos ser diferentes, e agir, sem reagir às provocações e atitudes que não aceitamos, seremos certamente mais felizes; faremos mais coisas e conseguimos ainda ensinar uma poderosa filosofia de vida àqueles que têm disponibilidade para mudar...
Grande abraço, Miguel!
Obrigado pela metáfora poderosa!
António