terça-feira, julho 30, 2013

Mestre lenhador

Um dos desportos tradicionais do Alasca é o corte de árvores. Há lenhadores famosos com um grande domínio, habilidade e energia no uso do machado. Um jovem que queria tornar-se também num grande lenhador, ouviu falar do melhor dos lenhadores do país e decidiu ir ao seu encontro.
Quero ser seu discípulo. Quero aprender a cortar árvores como você.
O jovem aplicou-se a aprender as lições do mestre. Depois de algum tempo, acreditou que o tinha superado. Sentia-se mais forte, mais ágil, mais jovem, estava seguro de vencer facilmente o velho lenhador. Assim desafiou o seu mestre a competir oito horas, para saber qual dos dois poderia cortar mais árvores.
O mestre aceitou o desafio, o jovem lenhador começou a cortar árvores com entusiasmo e vigor. Entre uma árvore e outra olhava o seu mestre, mas a maior parte das vezes encontrava-o sentado. O jovem voltava então as suas árvores. Seguro de vencer e sentindo pena pelo seu velho mestre.
Ao cair do dia e para grande surpresa do jovem, o velho mestre tinha cortado muito mais árvores que ele.
— Como era possível? — Surpreendendo-se — Quase todas as vezes que o observei, você estava a descansar! (…)
— Não, meu filho, eu não descansava. Estava a afiar o meu machado. Essa é a razão por teres perdido.
O tempo empregue a afiar o machado é valiosamente recompensado.
O reforço no processo de aprendizagem, que dura toda a vida, é como afiar o machado.

Continue a afiar o seu nesse sítio!


Bem hajam.

domingo, julho 14, 2013

Atenção vs Amar

Uma das grandes causas da infelicidade no mundo atual é a desatenção. Estamos desatentos ao que fazemos, à(s) pessoa(s) com quem estamos, ao trabalho em que estamos envolvidos, ao momento presente. E a cura para distração... é a atenção.
Como é que nós podemos ter atenção? O que é realmente a atenção? Tudo o que nós precisamos de pensar é em como é que esperamos receber atenção da outra pessoa.
Para realizarmos o que quer que seja é importante a reflexão e a meditação.
Se tem um problema e precisa conversar com um amigo, vai procurá-lo, sentar-se com ele, explicar o que está a sentir, o que tem passado e tudo o que realmente espera dele é que lhe dê toda á sua atenção. Esta é a coisa mais importante que ele pode fazer por si naquele momento. Mas se você é interrompido após uns dois minutos e ele começa a falar dos seus próprios problemas, ou começa a dar uma solução simples e óbvia para o seu problema, então, o deixará sem se sentir melhor do que quando foi procurá-lo. Mas, se realmente ele lhe der toda a sua atenção, então recebe dele o precioso dom do seu “Ser”. É o que fazemos quando damos atenção a alguém ou alguma coisa. Ai nós a amamos, realizamos o dom de ser. Isto não é fácil de dar, mas é o que há de mais rico e gratificante para ambos.

Quando recebe o dom da atenção da outra pessoa, quando realmente, ela presta atenção a si, está realmente interessada, com o coração aberto para si, então ai sentir-se-á amado, e isso faz com que se sinta mais capaz de lidar com aqueles problemas e dificuldades que está a enfrentar.
A atenção é verdadeiramente a qualidade essencial de todos os relacionamentos humanos. Quando ama alguém você presta atenção a ela, e por norma amamos aquilo em que prestamos atenção, e isto é muito visível no amor dos pais pelos filhos, assim como em grandes problemas que nos tiram a paz, quando não temos a atenção que necessitamos.
Se deixa de amar alguém é porque não lhe consegue prestar mais atenção, ou algo o distraiu, talvez uma outra pessoa, ou o seu trabalho, ou algum entretenimento.

Podemos dizer que, aprender a dar atenção é aprender a ser inteiramente humano e a amar o outro, os filhos, os animais, a natureza, a Deus, ou o que quer seja. É a essência de toda boa obra, seja trabalho escolar, seja trabalho profissional, seja trabalho em família. Qualquer coisa que você faça, ou o trabalho que realiza depende, para a sua qualidade, sobretudo... do tipo de atenção que lhe está a dar.

Atenção significa foco... simplicidade... significa dar a sua atenção a uma coisa, pessoa ou aspeto imaginativo mental. Não se trata duma forma viciante de fixação e compulsividade. Isso não é atenção.
Trata-se de ser capaz de se dar a si mesmo naquele momento, naquele trabalho, observar o que está a fazer, observar a pessoa que está consigo.
Assim, ligado a atenção está a prática da meditação, da reflexão ou oração consciente.
Aprender a meditar é aprender a prestar atenção. É a arte da atenção na sua forma mais simples, pura e imediata. Quando se senta para meditar ou orar, deixa “partir“ as milhares de coisas diferentes que passam pela sua vida, as “cem mil” coisas que estão a acontecer na sua mente o dia todo.
E não subestime o quão distraído anda. A primeira coisa que descobrimos quando nos sentamos para meditar é o quão difícil é prestar atenção. Sentar-se, fechar os seus olhos, ficar quieto e dizer a sua palavra. Isto não é fácil e não espere que seja fácil. Mas é simples e porque é simples qualquer um pode realizar se realmente desejar e for humilde suficiente para perseverar nela e aprender aos poucos, dia a dia, como prestar atenção.
Os frutos da atenção tornam-se evidentes na sua qualidade de vida, na qualidade dos seus relacionamentos, na qualidade do seu trabalho.
E sempre que perceber que voltou a estar distraído, e isso acontece frequentemente, pois vivemos num mundo muito distraído, envolvidos constantemente pelos média, internet, amigos, atividades, viagens, estudos, trabalho, absorvidos em centenas de direcções diferentes. Sempre que percebe que está perdido, que perdeu a sua atenção, pois começa a reconhecer os sintomas, muito rapidamente, começa a sentir que está em desarmonia consigo mesmo, em desarmonia com outras pessoas, não conseguindo aproveitar as coisas simples da vida. Reconhece esses sintomas! E porque os reconhece, pode fazer algo a respeito. Sentar-se quieto, relaxar e meditar. E com este hábito diário, desenvolver a sua atenção com o seu interior, com o seu “ser”, e a partir dai, naturalmente criar a harmonia, a paz e serenidade, e com este estado, a partir do nosso cerne, conseguir conviver com mais atenção a tudo e a todos, ou seja, tratar a tudo e a todos com amor puro, que não é mais do que plena atenção consciente.

Bem hajam.


Miguel Ferreira