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segunda-feira, dezembro 26, 2016
quinta-feira, dezembro 22, 2016
segunda-feira, dezembro 12, 2016
Persistência
Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer arreios e selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. Tentando imitá-lo, pegou num instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Logo mais, uma infeção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego.
Com o passar do
tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram gradualmente
desaparecendo e não se lembrava mais das cores.
Aprendeu a
ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia para a
escola e todos se admiravam com a sua memória.
Na verdade, ele
não estava feliz com os seus estudos. Queria ler livros e escrever cartas, como
os seus colegas.
Um dia, ouviu
falar duma escola para cegos. Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo
pai e matriculou-se no instituto nacional para crianças cegas.
Ali havia
livros com letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as
formas das letras e aprendiam as palavras e frases. Logo o jovem Louis
descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes. Uma curta
história enchia muitas páginas.
O processo de
leitura era muito demorado. A impressão de tais volumes era muito cara. Em
pouco tempo o menino tinha lido tudo o que havia na biblioteca.
Queria mais.
Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo.
O amor à música
aguçou o seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais.
Passava noites
acordado, a pensar em como resolver o problema.
Ouviu falar dum
capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no
escuro.
A escrita
noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os
soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz.
Ora, se os
soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto.
Procurou o
capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma série de furinhos
numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara o pequeno.
Noite após
noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações
e aperfeiçoando-o.
Suportou muita
resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos
livros com as letras em relevo. Não queriam que tudo fosse por “água abaixo”.
Com
persistência, Louis Braille foi mostrando o seu método. Os meninos do instituto
interessavam-se.
À noite, às
escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. Finalmente, aos 20 anos de idade,
Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis
pontos.
O método
Braille estava pronto.
O sistema
permitia também ler e escrever música.
A ideia acabou
por encontrar aceitação. Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis
disse a um amigo: "Tenho a certeza de que a minha missão na Terra
terminou."
Dois dias
depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu. Nos anos seguintes à sua
morte, o método espalhou-se por vários países.
Finalmente, foi
aceite como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que não vêm.
Assim, os
livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino imerso em
trevas, que dedicou a sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de
todos os que se encontram privados da visão física.
Vale a pena
persistir. Sinta, descubra qual a sua melhor habilidade e faça com isso a sua
Missão, para que possa um dia dizer – Missão Cumprida. Força.
Miguel Ferreira
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