sábado, agosto 30, 2014

O veado orgulhoso

Depois de muito caminhar e correr pelo campo, um certo veado saiu à procura de duma fonte onde houvesse águas frescas e cristalinas para matar a sede.
Não demorou muito a encontrar um regato que, embora pequeno, tinha águas limpas e frescas. Sem demonstrar pressa, abaixou-se tranquilamente e pôs-se a sorver o líquido procurado.
Após se ter satisfeito, o veado deteve a sua atenção para qualquer coisa que nunca antes tinha observado. Viu, espelhado nas águas superficiais do pequeno regato, as suas pernas compridas e tortas que formavam um triste contraste com os seus formosos chifres dispostos em galhos.
- É bem verdade o que dizem a meu respeito - exclamou o veado. Supero a todos os outros da minha espécie, em graça e nobreza! Que elegância majestosa se pode verificar quando levanto graciosamente a minha galhada (chifres)!
Entretanto, há uma triste e incontestável verdade ao lado de tudo isto contrastando com essa exuberância estão os meus pés tão horrorosos. Enquanto, desgostoso, escarnecia e ironizava a feiura dos seus pés tão tortos e desengonçados, eis que vê sair da floresta, vindo na sua direção, um esfomeado leão...
Pés, para que lhes quero? E em dois saltos firmes e velozes colocou-se fora do alcance do inimigo. Todavia, a fábula continua a contar que, na sua precipitada fuga, o veado resolveu passar por um apertado trilho entre as árvores.
Não tinha avançado muito, quando se deparou com a sua galhada presa num espinhal, cujos ramos delgados se emaranharam formando um verdadeiro alçapão.
Lutou desesperadamente para se desprender dali, mas todo o esforço foi em vão e enquanto isto o mesmo leão alcançou-o, devorando-o sem compaixão...

Assim, os pés que o animal tanto depreciava poderiam tê-lo salvo, se a galhada de que tanto se orgulhava não o fizesse encalhar. 

(Autor desconhecido) 

História do Burro

Um dia, o burro de um camponês caiu num poço. Não chegou a ferir-se, mas não podia sair dali por conta própria. Por isso o animal chorou fortemente durante horas, enquanto o camponês pensava no que fazer.
Finalmente, o camponês tomou uma decisão cruel: concluiu que já que o burro estava muito velho e que o poço estava mesmo seco, precisaria ser tapado de alguma forma. Portanto, não valia a pena esforçar-se para tirar o burro de dentro do poço. Ao contrário, chamou os seus vizinhos para ajudá-lo a enterrar vivo o burro. Cada um deles pegou numa pá e começou a mandar terra dentro do poço.
O burro não tardou a dar-se conta do que estavam a fazer com ele e chorou desesperadamente. Porém, para surpresa de todos, o burro aquietou-se depois de umas quantas pás de terra que levou. O camponês finalmente olhou para o fundo do poço e surpreendeu-se com o que viu. A cada pá de terra que caía sobre as suas costas o burro a sacudia, dando um passo sobre esta mesma terra que caía ao chão. Assim, em pouco tempo, todos viram como o burro conseguiu chegar até a boca do poço, passar por cima da borda e sair dali trotando. A vida vai-lhe mandando muita terra nas costas. Principalmente se já estiver dentro dum “poço”. O segredo para sair do poço é sacudir a terra que se leva nas costas e dar um passo sobre ela. Cada um dos nossos problemas é um degrau que nos conduz para cima. Podemos sair dos mais profundos buracos se não nos dermos por vencidos. Use a terra que lhe mandam para seguir adiante!

Recorde-se das 5 regras para ser feliz:
1. Liberte o seu coração do ódio.

2. Liberte a sua mente das preocupações.
3. Simplifique a sua vida.
4. Dê mais e espere menos.
5. Ame-se mais e...aceite a terra que lhe mandam. Ela pode ser a solução, não o problema.


Bem hajam,

terça-feira, agosto 19, 2014

A Lição do Fogo

Um membro dum determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem avisar deixou de participar nas suas atividades.
Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Estava uma noite muito fria.
O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado à lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, à espera. O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada.
No sério silêncio que se formou, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam.
Após alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado.
Então, voltou a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto.
Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e o seu fogo apagou-se de vez.
Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto duma espessa camada de fuligem acinzentada.
Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos.
O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo.
Quase que imediatamente tornou-se a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele.
Quando o líder alcançou a porta para partir, o seu anfitrião disse:
- Obrigado pela sua visita e pelo belíssimo sermão. Vou voltar ao convívio do grupo. Deus te abençoe!

Reflexão: Aos membros de qualquer grupo vale a pena lembrar que eles fazem parte da chama e que longe do grupo perdem todo o brilho. Aos líderes vale a pena lembrar que são responsáveis por manter acesa a chama de cada um e por promover a união entre todos os membros, para que o fogo seja realmente forte, eficaz e duradouro.

Educação: apreciar o esforço

Nos tempos que correm, vivemos muito as consequências nos novos pais (fins dos anos 80 e anos 90 do século passado) que após gerações difíceis, e com todas as facilidades económicas dadas na altura, decidiram dar o melhor aos seus filhos. Nessa altura, todos tinham que ser “Doutores” e o negócio das faculdades estava de “vento em poupa”, mesmo para que estudantes medíocres que não tinham notas para o ensino superior.
A propósito disto, há pouco tempo recebi este e-mail que me tocou pessoalmente e pensei: vale a pena transmitir isto!
“Um jovem foi candidatar-se a um alto cargo numa grande empresa. Passou na entrevista inicial e selecionado para a entrevista final, encontrava-se agora com o diretor. O diretor viu o seu curriculum vitae, era excelente. E perguntou-lhe: 
- Algumas vez Recebeste alguma bolsa de estudo? - o jovem respondeu - Não.
- Foi o seu pai que pagou a sua formação?
- Sim - respondeu ele.
- Onde é que o seu pai trabalha?
- O meu pai faz trabalhos de serralharia.

O diretor pediu ao jovem para lhe mostrar as suas mãos.
O jovem mostrou um par de mãos suaves e perfeitas.

- Já ajudou o seu pai no seu trabalho?
- Nunca! Os meus pais sempre quiseram que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, ele faz esse tipo de tarefas melhor do que eu.

O Diretor lhe disse:
- Tenho um pedido a fazer-lhe: quando for para casa hoje, lava as mãos do seu pai. E venha cá amanhã de manhã.

O jovem sentiu que a sua hipótese de conseguir o trabalho era alta!
Quando voltou para casa, pediu ao seu pai para o deixar lavar as suas mãos.
O seu pai sentiu-se estranho, feliz, e com uma mistura de sentimentos, mostrou as mãos ao seu filho. O rapaz lavou as mãos do seu pai lentamente. Foi a primeira vez que percebeu que as mãos do seu pai estavam enrugadas e tinham muitas cicatrizes. Algumas contusões eram tão dolorosas que a sua pele se arrepiou quando o filho lhe tocou.
Esta foi a primeira vez que o rapaz se deu conta do significado deste par de mãos que trabalharam todos os dias para pagar os seus estudos. As contusões nas mãos eram o preço que o seu pai teve que pagar pela sua educação, atividades escolares e seu futuro.
Depois de limpar as mãos do seu pai, o jovem ficou em silêncio organizando e limpando a oficina do pai. Naquela noite, pai e filho conversaram bastante tempo.

Na manhã seguinte, o jovem encontrou-se com o Diretor.
O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do rapaz quando ele perguntou:
- Pode dizer-me o que fez e aprendeu ontem na sua casa?
O rapaz respondeu: 
- Lavei as mãos do meu pai e também terminei de limpar e organizar a sua oficina. Agora eu sei o que é valorizar, reconhecer. Sem os meus pais, eu não seria quem eu sou hoje...

Depois de ajudar o meu pai, percebo o quão difícil e duro é para conseguir fazer algo sozinho. Aprendi a apreciar a importância e o valor de ajudar a família.
O diretor disse: 
- É isso mesmo que procuro no meu pessoal. Quero contratar uma pessoa que possa apreciar a ajuda dos outros, que conheça os sofrimentos dos outros para fazer as coisas, e que não coloca o dinheiro como o seu único objetivo na vida. Você está contratado.”

Aqui fica a moral: uma criança que tenha sido protegida e habituada a sempre receber o que quer sem esforço, desenvolve uma mentalidade de "Tenho direito" e coloca-se sempre em primeiro lugar. Ignora os esforços dos seus pais.
Se somos este tipo de pais protetores, estamos realmente a demonstrar amor ou estamos a destruir os nossos filhos?
Pode dar ao seu filho uma grande casa, boa comida, educação nas melhores escolas, tecnologia de topo... Mas quando está a lavar o chão, ou a pintar uma parede, ou qualquer outra tarefa de casa, por favor, faça-o experimentar também isso. Depois de comer, que lave os pratos com os seus irmãos e irmãs. Não é porque não ter dinheiro para contratar alguém que lhe faça isso; é porque quer amar da maneira certo. Não importa o quão rico é, importa sim entender isto e um dia, você irá ter os cabelos brancos como a mãe ou o pai deste jovem.


Muitas vezes oiço em consulta: “Doutor, ele teve tudo! Não entendo como é que isto acontece!”. Por norma, pergunto: “Tudo! E privações também teve?” Se queremos que a criança tenho o melhor e tudo, esse tudo, também inclui privações, pois o mais importante é que a criança aprenda a apreciar o esforço e ter a experiência da dificuldades, desenvolvendo a capacidade de trabalhar com os outros para alcançar as coisas. Um dia com certeza irá perceber que valeu a pena.

domingo, agosto 03, 2014

Voem juntos, mas nunca amarrados.

Conta uma velha lenda dos índios Sioux que uma vez, Touro Bravo - o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros e Nuvem Azul, a filha do chefe e uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e disseram:
Nós amamo-nos e vamo-nos casar. E amamo-nos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã. Alguma coisa que garanta que possamos ficar sempre juntos. Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até a morte. O velho sábio, ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Pois bem. Há uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte desta aldeia e, apenas com as suas próprias mãos e uma rede, caçar o falcão mais vigoroso do monte e traze-lo com vida, até ao terceiro dia depois da lua cheia.
- E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono, onde encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la, trazendo-a viva.
Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada. No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro dum saco.
O velho pediu que, com cuidado, as retirassem. Observou então que se tratavam de belos exemplares.
- E agora, o que faremos? Perguntou o jovem.
Matamo-las e depois bebemos à honra do seu sangue ou as cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne?
- Não, disse o feiticeiro! Apanhem as aves e amarrem-nas entre si pelas patas, com estas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...
O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros...
A águia e o falcão tentaram alçar voo, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade de voar, as aves atiravam-se uma contra a outra, bicando-se até se magoarem.

- E o velho disse: jamais esqueçam o que estão a ver. Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão: se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, viverão arrastando-se e, cedo ou tarde, começarão a magoarem-se mutuamente. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos... Mas nunca amarrados. 

Floquinhos de algodão (Dar sem esperar receber...)

Havia uma pequena aldeia onde o dinheiro não entrava.
Tudo o que as pessoas compravam, tudo o que era cultivado e produzido por cada um, era trocado.
A coisa mais importante, a coisa mais valiosa, era a amizade.
Quem nada produzia, quem não possuía coisas que pudessem ser trocadas por alimentos, ou utensílios, dava o seu CARINHO.
O CARINHO era simbolizado por um floquinho de algodão.
Muitas vezes, era normal que as pessoas trocassem floquinhos sem querer nada em troca.
As pessoas davam o seu CARINHO pois sabiam que receberiam outros noutro momento ou noutro dia.
Um dia, uma mulher muito má, que vivia fora da aldeia, convenceu um pequeno garoto a não dar mais os seus floquinhos. Dessa forma, ele seria a pessoa mais rica da aldeia e teria o que quisesse. Iludido pelas palavras da malvada, o menino, que era uma das pessoas mais populares e queridas da aldeia, passou a juntar CARINHOS e em pouquíssimo tempo a sua casa estava repleta de floquinhos, ficando até difícil de movimentar-se dentro dela.
Daí então, quando a cidade já estava praticamente sem floquinhos, as pessoas começaram a guardar o pouco CARINHO que tinham e toda a HARMONIA da cidade desapareceu.
Surgiram a GANÂNCIA, a DESCONFIANÇA, o primeiro ROUBO, o ÓDIO, a DISCÓRDIA, as pessoas se OFENDERAM pela primeira vez e passaram a IGNORAR-SE pelas ruas.
Como era o mais querido da cidade, o garoto foi o primeiro a sentir-se TRISTE e SOZINHO, o que o fez procurar a velha para lhe perguntar se aquilo fazia parte da riqueza que ele acumularia.
Como não a encontrou mais, tomou uma decisão: pegou num carrinho de mão, onde colocou todos os seus floquinhos e foi por toda a cidade distribuindo aleatoriamente o seu CARINHO.
A todos a quem dava CARINHO, apenas dizia: "Obrigado por receber o meu carinho". Assim, sem medo de acabar com os seus floquinhos, distribuiu até o último CARINHO sem receber um só de volta.
Sem que tivesse tempo de se sentir sozinho e triste novamente, alguém caminhou até ele e deu-lhe CARINHO.

Um outro fez o mesmo...Mais outro...e outro...até que definitivamente a aldeia voltou ao normal.