terça-feira, agosto 19, 2014

Educação: apreciar o esforço

Nos tempos que correm, vivemos muito as consequências nos novos pais (fins dos anos 80 e anos 90 do século passado) que após gerações difíceis, e com todas as facilidades económicas dadas na altura, decidiram dar o melhor aos seus filhos. Nessa altura, todos tinham que ser “Doutores” e o negócio das faculdades estava de “vento em poupa”, mesmo para que estudantes medíocres que não tinham notas para o ensino superior.
A propósito disto, há pouco tempo recebi este e-mail que me tocou pessoalmente e pensei: vale a pena transmitir isto!
“Um jovem foi candidatar-se a um alto cargo numa grande empresa. Passou na entrevista inicial e selecionado para a entrevista final, encontrava-se agora com o diretor. O diretor viu o seu curriculum vitae, era excelente. E perguntou-lhe: 
- Algumas vez Recebeste alguma bolsa de estudo? - o jovem respondeu - Não.
- Foi o seu pai que pagou a sua formação?
- Sim - respondeu ele.
- Onde é que o seu pai trabalha?
- O meu pai faz trabalhos de serralharia.

O diretor pediu ao jovem para lhe mostrar as suas mãos.
O jovem mostrou um par de mãos suaves e perfeitas.

- Já ajudou o seu pai no seu trabalho?
- Nunca! Os meus pais sempre quiseram que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, ele faz esse tipo de tarefas melhor do que eu.

O Diretor lhe disse:
- Tenho um pedido a fazer-lhe: quando for para casa hoje, lava as mãos do seu pai. E venha cá amanhã de manhã.

O jovem sentiu que a sua hipótese de conseguir o trabalho era alta!
Quando voltou para casa, pediu ao seu pai para o deixar lavar as suas mãos.
O seu pai sentiu-se estranho, feliz, e com uma mistura de sentimentos, mostrou as mãos ao seu filho. O rapaz lavou as mãos do seu pai lentamente. Foi a primeira vez que percebeu que as mãos do seu pai estavam enrugadas e tinham muitas cicatrizes. Algumas contusões eram tão dolorosas que a sua pele se arrepiou quando o filho lhe tocou.
Esta foi a primeira vez que o rapaz se deu conta do significado deste par de mãos que trabalharam todos os dias para pagar os seus estudos. As contusões nas mãos eram o preço que o seu pai teve que pagar pela sua educação, atividades escolares e seu futuro.
Depois de limpar as mãos do seu pai, o jovem ficou em silêncio organizando e limpando a oficina do pai. Naquela noite, pai e filho conversaram bastante tempo.

Na manhã seguinte, o jovem encontrou-se com o Diretor.
O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do rapaz quando ele perguntou:
- Pode dizer-me o que fez e aprendeu ontem na sua casa?
O rapaz respondeu: 
- Lavei as mãos do meu pai e também terminei de limpar e organizar a sua oficina. Agora eu sei o que é valorizar, reconhecer. Sem os meus pais, eu não seria quem eu sou hoje...

Depois de ajudar o meu pai, percebo o quão difícil e duro é para conseguir fazer algo sozinho. Aprendi a apreciar a importância e o valor de ajudar a família.
O diretor disse: 
- É isso mesmo que procuro no meu pessoal. Quero contratar uma pessoa que possa apreciar a ajuda dos outros, que conheça os sofrimentos dos outros para fazer as coisas, e que não coloca o dinheiro como o seu único objetivo na vida. Você está contratado.”

Aqui fica a moral: uma criança que tenha sido protegida e habituada a sempre receber o que quer sem esforço, desenvolve uma mentalidade de "Tenho direito" e coloca-se sempre em primeiro lugar. Ignora os esforços dos seus pais.
Se somos este tipo de pais protetores, estamos realmente a demonstrar amor ou estamos a destruir os nossos filhos?
Pode dar ao seu filho uma grande casa, boa comida, educação nas melhores escolas, tecnologia de topo... Mas quando está a lavar o chão, ou a pintar uma parede, ou qualquer outra tarefa de casa, por favor, faça-o experimentar também isso. Depois de comer, que lave os pratos com os seus irmãos e irmãs. Não é porque não ter dinheiro para contratar alguém que lhe faça isso; é porque quer amar da maneira certo. Não importa o quão rico é, importa sim entender isto e um dia, você irá ter os cabelos brancos como a mãe ou o pai deste jovem.


Muitas vezes oiço em consulta: “Doutor, ele teve tudo! Não entendo como é que isto acontece!”. Por norma, pergunto: “Tudo! E privações também teve?” Se queremos que a criança tenho o melhor e tudo, esse tudo, também inclui privações, pois o mais importante é que a criança aprenda a apreciar o esforço e ter a experiência da dificuldades, desenvolvendo a capacidade de trabalhar com os outros para alcançar as coisas. Um dia com certeza irá perceber que valeu a pena.

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