domingo, abril 26, 2015

O Chapéu de Chuva à Porta

Um vez um Mestre mandou que chamassem determinado discípulo, que se encontrava recluso na sua cabana, nos arredores de um mosteiro Zen. Este discípulo já estava com este Mestre há anos, treinando sob a sua direção. Como o Mestre tinha muitos discípulos, era difícil de se conseguir uma entrevista particular com ele. O discípulo achou invulgar o facto do Mestre o estar a chamar para uma conversa. Começou a ficar excitado, pensando: "o que será que o Mestre deseja de mim?", "será que me vai perguntar alguma coisa sobre o Dharma, para testar-me?", "será que deseja atribuir-me algum cargo ou tarefa?". Com a mente repleta de pensamentos, pôs-se a andar. Como estava a chover, levou o seu guarda-chuva.   Ao chegar à casa do Mestre, fechou o guarda-chuva e colocou-o a um canto. Pôs as suas sandálias molhadas ao lado do guarda-chuva. Na frente do Mestre, fez as reverências como mandam a etiqueta monástica e sentou-se. O Mestre então foi logo perguntou:  - Quando entrou aqui, de que lado do guarda-chuva deixou as suas sandálias? O monge discípulo não se conseguiu lembrar com certeza. Então o Mestre declarou:  - Volte para a sua cabana e medite!   Desta maneira, o Mestre quis dizer que a meditação e a vida quotidiana são uma única realidade. Não podemos separar a nossa vida diária do ato de atenção com que devemos fazer todas as coisas. O discípulo estava separado, e ao ver que ainda não estava preparado o suficiente o Mestre recomendou que voltasse para a sua cabana e meditasse mais.
Esta é a prática budista no dia-a-dia e efetivamente, mesmo na nossa vida ocidental, sempre muito ocupada, quando praticada com algum rigor, dá-nos uma grande qualidade de vida, pois o acto de ter os sentidos despertos ao exterior, para além de reter mais informação, também nos possibilita viver a vida em tudo o vimos, ouvimos, sentimos, saboreamos e cheiramos com mais intensidade e satisfação, tendo com isso constantes experiência simples e ao mesmo tempo realizadoras.Não pense tanto e viva mais a realidade, tal como ele é, sem preconceitos nem críticas. Tudo à sua volta ganha mais sentido.

Bem hajam!

domingo, abril 12, 2015

A vida como o “Beber Chá”

Muitas vezes nos interrogamos, qual a melhor forma de estar na vida, sendo que cada um tem a sua própria forma de se reenquadrar nela.
O barómetro poderá estar na forma como nos damos conta que estamos, ou como nos sentimos a cada momento, pois não somos mais que meros intérpretes da vida e cada um interpreta a sua maneira. É isso que nos distingue também dos animais. Será que já viram algum cão ou gato triste por estar a “chover”, por exemplo ou irritado por estar “preso” a qualquer coisa. Pois é, todos nós podemos escolher a forma como queremos ver a vida, os outros e a nós próprios.
É como beber um chá, temos que estar totalmente despertos para apreciar o chá como deve ser. Temos que estar no momento presente. Apenas com a consciência no presente, as nossas mãos podem sentir o agradável calor da chávena. Apenas no presente podemos apreciar o aroma, sentir a doçura e saborear a delicadeza. Se estamos a lembrar o passado ou preocupados com o futuro, perdemos por completo a experiência de apreciar a chávena de chá. Olharemos para a chávena e o chá terá já terminado.
A vida é assim. Se não estamos totalmente no presente, quando olharmos à nossa volta esta terá desaparecido.
Quando pararmos de pensar no que já aconteceu, quando pararmos de nos preocupar com o que poderá nunca vir a acontecer, então estaremos no momento presente. Só então começaremos a experimentar a alegria de viver...

Bem hajam e desfrutem o momento simplesmente pela sua simplicidade.


Miguel Ferreira

domingo, abril 05, 2015

O Pedreiro

Um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se reformar. Informou o chefe, do seu desejo de se reformar e passar mais tempo com a sua família. Ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria refomar-se.
A empresa não seria muito afetada pela saída do pedreiro mas o chefe estava triste ao ver um bom funcionário a partir e pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um projeto como um favor.
O pedreiro não gostou mas acabou por concordar. Foi fácil verificar que o mesmo não estava entusiasmado com a ideia. Assim lá prosseguiu a fazer um trabalho de segunda qualidade e a usar materiais inadequados. Foi uma forma negativa de terminar a carreira. Quando o pedreiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção da casa construída.
Depois deu a chave da casa ao pedreiro e disse: "Esta é a sua casa. É o meu presente para si". O pedreiro ficou muito surpreendido.
Que pena! Se ele soubesse que estava a construir a sua própria casa, teria feito tudo diferente....
O mesmo acontece connosco. Construímos a nossa vida, um dia de cada vez e muitas vezes a fazer menos que o melhor possível na sua construção. Depois, com surpresa, descobrimos que precisamos de viver na casa que nós próprios construímos. Se pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos tudo diferente.
Tu és o pedreiro. Todo dia martelas pregos, ajustas tábuas e constróis paredes.
Alguém já disse: "A vida é um projeto que você mesmo constrói".
As tuas atitudes e escolhas de hoje estão a construir a "casa" em que vai morar amanhã. Portanto construa-a com sabedoria!


Bem hajam!