domingo, agosto 03, 2014

Floquinhos de algodão (Dar sem esperar receber...)

Havia uma pequena aldeia onde o dinheiro não entrava.
Tudo o que as pessoas compravam, tudo o que era cultivado e produzido por cada um, era trocado.
A coisa mais importante, a coisa mais valiosa, era a amizade.
Quem nada produzia, quem não possuía coisas que pudessem ser trocadas por alimentos, ou utensílios, dava o seu CARINHO.
O CARINHO era simbolizado por um floquinho de algodão.
Muitas vezes, era normal que as pessoas trocassem floquinhos sem querer nada em troca.
As pessoas davam o seu CARINHO pois sabiam que receberiam outros noutro momento ou noutro dia.
Um dia, uma mulher muito má, que vivia fora da aldeia, convenceu um pequeno garoto a não dar mais os seus floquinhos. Dessa forma, ele seria a pessoa mais rica da aldeia e teria o que quisesse. Iludido pelas palavras da malvada, o menino, que era uma das pessoas mais populares e queridas da aldeia, passou a juntar CARINHOS e em pouquíssimo tempo a sua casa estava repleta de floquinhos, ficando até difícil de movimentar-se dentro dela.
Daí então, quando a cidade já estava praticamente sem floquinhos, as pessoas começaram a guardar o pouco CARINHO que tinham e toda a HARMONIA da cidade desapareceu.
Surgiram a GANÂNCIA, a DESCONFIANÇA, o primeiro ROUBO, o ÓDIO, a DISCÓRDIA, as pessoas se OFENDERAM pela primeira vez e passaram a IGNORAR-SE pelas ruas.
Como era o mais querido da cidade, o garoto foi o primeiro a sentir-se TRISTE e SOZINHO, o que o fez procurar a velha para lhe perguntar se aquilo fazia parte da riqueza que ele acumularia.
Como não a encontrou mais, tomou uma decisão: pegou num carrinho de mão, onde colocou todos os seus floquinhos e foi por toda a cidade distribuindo aleatoriamente o seu CARINHO.
A todos a quem dava CARINHO, apenas dizia: "Obrigado por receber o meu carinho". Assim, sem medo de acabar com os seus floquinhos, distribuiu até o último CARINHO sem receber um só de volta.
Sem que tivesse tempo de se sentir sozinho e triste novamente, alguém caminhou até ele e deu-lhe CARINHO.

Um outro fez o mesmo...Mais outro...e outro...até que definitivamente a aldeia voltou ao normal. 

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