segunda-feira, janeiro 30, 2017

O caso do Abacaxi

João trabalhava numa empresa há muitos anos. Era um funcionário sério, dedicado, cumpridor das suas obrigações e, por isso mesmo, já com 20 anos de casa.
Um belo dia, procurou o dono da empresa para fazer uma reclamação:
– Patrão, tenho trabalhado durante estes 20 anos na empresa com toda a dedicação, só que me sinto injustiçado. O Luis, que está connosco há somente três anos, está a ganhar mais do que eu e foi promovido para um cargo superior ao meu.
Ao que lhes respondeu o patrão – João, foi muito bom vir aqui. Antes de tocarmos neste assunto, tenho um problema para resolver e gostaria da sua ajuda. Quero dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço. Aqui na esquina existe uma quinta. Por favor, dirija-se e verifique se eles têm abacaxi.
De contra gosto e até um tanto indignado pelo estranho pedido, o funcionário foi e voltou quase uma hora depois, pois tinha aproveitado para fumar, tomar café na pastelaria da esquina e conversar com alguns conhecidos que passavam.
Retornou e foi à sala do patrão:
– Então João?
– Verifiquei como o senhor me mandou. Eles têm abacaxi.
– E quanto é que custam?
– Isso não perguntei! Disse ele.
– Eles têm quantidade suficiente para atender a todos os funcionários?
– Isso também eu não perguntei.
– Há alguma outra fruta que possa substituir o abacaxi?
– Não sei, não…
– Muito bem, João. Sente-se nesta cadeira e aguarde um pouco.
O patrão pegou no telefone e mandou chamar o Luis. Deu-lhe a mesma orientação que dera a João:
– Luis, quero dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço. Aqui na esquina tem uma quinta. Dirija-se lá e verifique se eles têm abacaxi, por favor.
Luis saiu para cumprir a sua missão e, em oito minutos, voltou.
– E então? Indagou o patrão.
– Eles têm abacaxi, sim, e em quantidade suficiente para o nosso pessoal. Se o senhor preferir tem também laranja, banana e melão. O abacaxi custa €1 cada, a banana e o melão são €0,75 o quilo, e a laranja €0,60 o quilo. Mas como eu disse que a compra seria grande, eles deram-me 15% de desconto. Assim, aproveitei e já deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e confirmo – explicou o Luis.
Agradecendo as informações Luis! E então o patrão dispensou-o. Voltou-se para o João que permanecia sentado ali e perguntou-lhe:
– João, o que era mesmo que me estava a dizer?
– Nada de sério, depois falarei consigo. Esqueça. Com licença. E João deixou a sala.

Bem hajam,


Miguel Ferreira

domingo, janeiro 15, 2017

As Quatro Leis da Espiritualidade

Caro leitor, aqui vos deixo as Quatro Leis da Espiritualidade ensinadas na Índia, sabendo que nos poderá ajudar muita na perceção da realidade e assim mudar a forma como nos sentimos perante as mudanças da vida. Assim.
A primeira diz: “A pessoa que vem é a pessoa certa“. Ninguém entra nas nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, que interagem connosco, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.
A segunda lei diz: “Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido“. Nada, absolutamente nada do que acontece nas nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” ou “aconteceu que um outro…”. Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem nas nossas vidas são perfeitas.
A terceira diz: “Toda vez que você iniciar é o momento certo“. Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo nas nossas vidas, é que as coisas acontecem.
E a quarta e última afirma: “Quando algo termina, ele termina“. Simplesmente assim. Se algo acabou nas nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e enriquecer-se com a experiência. Não é por acaso que estão a ler este texto agora. Se está a aparecer na nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado.

Bem hajam e boas vivências,


Miguel Ferreira

segunda-feira, janeiro 02, 2017

O elefante acorrentado

— Não consigo — disse-lhe. — Não consigo!
— Tens a certeza? — perguntou-me ele.
— Tenho! O que eu mais gostava era de conseguir sentar-me à frente dela e dizer-lhe o que sinto… Mas sei que não sou capaz.
O gordo sentou-se de pernas cruzadas à Buda, naqueles horríveis cadeirões azuis do seu consultório. Sorriu, fitou-me olhos nos olhos e, baixando a voz como fazia sempre que queria que o escutassem com atenção, disse-me:
— Deixa-me que te conte…
E sem esperar pela minha aprovação, o Jorge começou a contar.
Quando eu era pequeno, adorava o circo e aquilo de que mais gostava eram os animais. Cativava-me especialmente o elefante que, como vim a saber mais tarde, era também o animal preferido dos outros miúdos. Durante o espetáculo, a enorme criatura dava mostras de ter um peso, tamanho e força descomunais… Mas, depois da sua atuação e pouco antes de voltar para os bastidores, o elefante ficava sempre atado a uma pequena estaca cravada no solo, com uma corrente a agrilhoar-lhe uma das suas patas.
No entanto, a estaca não passava de um minúsculo pedaço de madeira enterrado uns centímetros no solo. E, embora a corrente fosse grossa e pesada, parecia-me óbvio que um ani­mal capaz de arrancar uma árvore pela raiz, com toda a sua força, facilmente se conseguiria libertar da estaca e fugir.
O mistério continua a parecer-me evidente.
O que é que o prende, então?
Porque é que não foge?
Quando eu tinha cinco ou seis anos, ainda acreditava na sabedoria dos mais velhos. Um dia, decidi questionar um professor, um padre e um tio sobre o mistério do elefante. Um deles explicou-me que o elefante não fugia porque era amestrado.
Fiz, então, a pergunta óbvia:
— Se é amestrado, porque é que o acorrentam?
Não me lembro de ter recebido uma resposta coerente. Com o passar do tempo, esqueci o mistério do elefante e da estaca e só o recordava quando me cruzava com outras pessoas que também já tinham feito essa pergunta.
Há uns anos, descobri que, felizmente para mim, alguém fora tão inteligente e sábio que encontrara a resposta:
O elefante do circo não foge porque esteve atado a uma estaca desde que era muito, muito pequeno.
Fechei os olhos e imaginei o indefeso elefante recém-nascido preso à estaca. Tenho a certeza de que naquela altura o elefantezinho puxou, esperneou e suou para se tentar libertar. E, apesar dos seus esforços, não conseguiu, porque aquela estaca era demasiado forte para ele.
Imaginei-o a adormecer, cansado, e a tentar novamente no dia seguinte, e no outro, e no outro… Até que, um dia, um dia terrível para a sua história, o animal aceitou a sua impotência e resignou-se com o seu destino.
Esse elefante enorme e poderoso, que vemos no circo, não foge porque, coitado, pensa que não é capaz de o fazer.
Tem gravada na memória a impotência que sentiu pouco depois de nascer.
E o pior é que nunca mais tornou a questionar seriamente essa recordação.
Jamais, jamais tentou pôr novamente à prova a sua força…
— E é assim a vida, Damião. Todos somos um pouco como o elefante do circo: seguimos pela vida fora atados a centenas de estacas que nos coartam a liberdade.
Vivemos a pensar que «não somos capazes» de fazer montes de coisas, simplesmente porque uma vez, há muito tempo, quando éramos pequenos, tentámos e não conseguimos.
Fizemos, então, o mesmo que o elefante e gravámos na nossa memória esta mensagem: «Não consigo, não consigo e nunca hei-de conseguir.»
Crescemos com esta mensagem que impusemos a nós mesmos e, por isso, nunca mais tentámos libertar-nos da estaca.
Quando, por vezes, sentimos as grilhetas e as abanamos, olhamos de relance para a estaca e pensamos:
Não consigo e nunca hei-de conseguir.
 O Jorge fez uma longa pausa. Depois, aproximou-se, sentou-se no chão à minha frente e prosseguiu:
— É isto que se passa contigo, Damião. Vives condicionado pela lembrança de um Damião que já não existe, que não foi capaz.
A única maneira de saberes se és capaz é tentando novamente, de corpo e alma… e com toda a forca do teu coração!
Autor: Jorge Bucay, Deixa-me que te conte. Os contos que me ensinaram a viver.

Bem hajam e livrem-se das vossas estacas.

Miguel Ferreira

segunda-feira, dezembro 12, 2016

Persistência


Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer arreios e selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. Tentando imitá-lo, pegou num instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Logo mais, uma infeção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego.
Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram gradualmente desaparecendo e não se lembrava mais das cores.
Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia para a escola e todos se admiravam com a sua memória.
Na verdade, ele não estava feliz com os seus estudos. Queria ler livros e escrever cartas, como os seus colegas.
Um dia, ouviu falar duma escola para cegos. Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo pai e matriculou-se no instituto nacional para crianças cegas.
Ali havia livros com letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as palavras e frases. Logo o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes. Uma curta história enchia muitas páginas.
O processo de leitura era muito demorado. A impressão de tais volumes era muito cara. Em pouco tempo o menino tinha lido tudo o que havia na biblioteca.
Queria mais. Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo.
O amor à música aguçou o seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais.
Passava noites acordado, a pensar em como resolver o problema.
Ouviu falar dum capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro.
A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz.
Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto.
Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara o pequeno.
Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o.
Suportou muita resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo. Não queriam que tudo fosse por “água abaixo”.
Com persistência, Louis Braille foi mostrando o seu método. Os meninos do instituto interessavam-se.
À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. Finalmente, aos 20 anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos.
O método Braille estava pronto.
O sistema permitia também ler e escrever música.
A ideia acabou por encontrar aceitação. Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: "Tenho a certeza de que a minha missão na Terra terminou."
Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu. Nos anos seguintes à sua morte, o método espalhou-se por vários países.
Finalmente, foi aceite como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que não vêm.
Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou a sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física.
Vale a pena persistir. Sinta, descubra qual a sua melhor habilidade e faça com isso a sua Missão, para que possa um dia dizer – Missão Cumprida. Força.

Miguel Ferreira

segunda-feira, novembro 28, 2016

O poder da determinação



A casinha da escola rural era aquecida por um velho forno a carvão. Um garoto tinha a função de ir todos os dias mais cedo para a escola, para acender o fogo e aquecer o recinto antes que a professora e seus colegas chegassem.
Numa certa manhã, quando chegaram e encontraram a escola envolvida em chamas. Retiraram o garoto inconsciente do prédio em chamas, mais morto do que vivo. Tinha queimaduras profundas na parte inferior do corpo e foi levado para o hospital.
Do seu leito, o semiconsciente e pavorosamente queimado garoto ouviu ao longe o médico que conversava com a sua mãe. O médico dizia-lhe que o seu filho seguramente morreria - o que na realidade, até seria melhor - pois o terrível fogo devastara a parte inferior do seu corpo.
Porém o bravo garoto não queria morrer. Ele convenceu-se de que sobreviveria. De alguma maneira, e para surpresa do médico realmente sobreviveu. Quando o risco de morte tinha passado, o garoto ouviu novamente o médico e a sua mãe a falar baixinho. A mãe foi informada de que, como o fogo tinha destruído tantos músculos na parte inferior do seu corpo, quase que teria sido melhor que ele tivesse morrido, já que estava condenado a ser eternamente inválido e a não fazer uso algum dos seus membros inferiores.
Mais uma vez o bravo garoto tomou uma decisão. Não seria inválido. Ele andaria. Mas, infelizmente, da cintura para baixo, ele não tinha nenhuma capacidade motora. As suas pernas finas pendiam inertes, quase sem vida.
Finalmente, teve alta do hospital. Todos os dias a sua mãe lhe massageava as perninhas, mas não tinha sensações, controle, não sentia nada. Ainda assim, a sua determinação de andar era mais forte do que nunca.
Quando não estava na cama, estava confinado a uma cadeira de rodas. Num dia ensolarado, a sua mãe conduziu-o até ao quintal para apanhar um pouco de ar fresco. Neste dia, ao contrário de ficar sentado na cadeira, mandou-se para o chão, arrastou-se pela relva, puxando as pernas atrás de si. Arrastou-se até a cerca de estacas brancas que limitava o terreno. Com grande esforço, levantou-se, apoiando-se na cerca. E então, estaca por estaca começou a arrastar-se ao longo da cerca, decidido a andar. Começou a fazer isso todos os dias formando até um caminho à volta da cerca. Não tinha nada que desejasse mais do que dar vida àquelas pernas.
Finalmente, com as massagens diárias, com a sua persistência de ferro e resoluta determinação, ele foi capaz de ficar em pé, depois de andar mancando, e então, de andar sozinho. Mais tarde, de correr.
Começou a caminhar para a escola, depois passou a correr para a escola, e a correr, pura e simplesmente, pela alegria de correr. Na faculdade, integrou a equipa de corrida com obstáculos.
Depois, no Madison Square Garden (Nova York, EUA), aquele rapaz sem esperanças de sobreviver, que seguramente nunca mais andaria, e que jamais poderia esperar correr -- aquele rapaz determinado, o Dr. Glenn Cunningham, foi o corredor mais rápido do mundo na corrida de uma milha!
Este é sem dúvida, um verdadeiro exemplo de determinação.

Bem hajam,
Miguel Ferreira

segunda-feira, outubro 31, 2016

Terapia do Elogio



Caros, leitores, partilho hoje convosco esta forma de terapia, que todos podemos facilmente praticar e mudar o mundo a nossa volta. É muito simples e pode realmente fazer toda a diferença.
Terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram numa recente pesquisa que os membros das famílias estão cada vez mais frios, mais distantes, o carinho é cada vez menos, não se valorizam as qualidades, facilmente se ouvem críticas.
As pessoas estão cada vez mais intolerantes e desgastam-se na valorização dos defeitos dos outros.
A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias. Não vemos mais os homens a elogiar as suas mulheres ou vice-versa, não vemos os chefes a elogiar o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos  a elogiar-se; etc.
Só vemos futilidades:  valorizam-se artistas, cantores, jogadores, pessoas que usam a imagem para ganhar dinheiro e que, por consequência, são pessoas que tem a obrigação de cuidar do corpo, do rosto, das aparências.
A ausência de elogio afeta muito as pessoas e as famílias.
Há falta de diálogo nos lares. O orgulho e a agitação da vida impede que as pessoas digam o que sentem. Depois despejam-se essas carências muitas vezes nos consultórios.
Acabam-se casamentos, alguns procurando noutra pessoa o que não conseguem dentro de casa.
Fica pois, aqui o apelo, vamos começar a valorizar as nossas famílias, os nossos amigos, alunos ou subordinados. Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza do parceiro ou parceira, o comportamento dos nossos filhos.
O bom profissional gosta de ser reconhecido, o bom filho fica feliz por ser louvado, o pai e a boa mãe sentem-se bem ao serem amados e amparados.
O amigo quer sentir-se querido.
Vivemos numa sociedade em que cada um precisa do outro; é impossível uma pessoa viver sozinha e sentir-se feliz. Os elogios são forte motivação na vida de cada um.
Quantas pessoas posso fazer hoje feliz elogiando-as de alguma forma?
Começa agora!

Bem hajam e bons elogios.

Miguel Ferreira