domingo, outubro 19, 2014

Crenças – as forças interiores

Esta história trata de um jovem príncipe que só não acreditava em três coisas. Não acreditava em princesas, ilhas e em Deus.
O seu pai, o rei, dissera-lhe que essas coisas não existiam. No reino do seu pai, não havia ilhas, princesas e nenhum sinal de Deus.
O jovem príncipe acreditava no pai.
Um dia, o príncipe fugiu do palácio para o país vizinho. Lá, para sua surpresa, de toda a costa avistou ilhas e, nestas ilhas, estranhas criaturas cujo nome nem sequer imaginava.
Enquanto procurava um barco na praia, um homem em trajes de gala aproximou-se dele.
- Aquelas ilhas são reais? - perguntou o jovem príncipe.
- Claro que são reais - respondeu o homem em trajes de gala.
- E aquelas estranhas e perturbadoras criaturas?
- São todas princesas autênticas e genuínas.
- Então, Deus também deve existir! - exclamou o príncipe.
- Eu sou Deus - replicou o homem em trajes de gala, curvando-se em reverência.
O jovem príncipe voltou para casa o mais depressa que pôde.
- Então está de volta - exclamou seu pai, o rei.
- Eu vi ilhas, vi princesas, eu vi Deus - disse o príncipe acusadoramente.
O rei permaneceu impassível.
- Não existem ilhas, nem princesas, nem um Deus de verdade.
- Eu vi-os!
- Diga-me como Deus estava vestido.
- Deus estava em trajes de gala.
- Estavam as mangas do casaco arregaçadas?
O príncipe lembrava-se de que estavam. O rei sorriu.
- Esse é o uniforme de um mágico. Foste enganado.
Com isto o príncipe retomou à terra vizinha e foi até a mesma costa, onde mais uma vez encontrou o homem em trajes de gala.
— Meu pai, o rei, disse-me quem é — disse o jovem príncipe indignado. — enganou-me da última vez, mas não o fará novamente. Agora sei que aquelas não são ilhas, nem princesas de verdade, porque é mágico.
O homem na praia sorriu.
- Estás enganado, meu rapaz. No reino do seu pai há muitas ilhas e muitas princesas. Mas estás sob a magia do teu pai, e por isso não podes vê-las.
O príncipe retomou a casa pensativo, e quando viu o seu pai, olhou-o nos olhos.
- Pai, é verdade que não é um rei de verdade, mas apenas um mágico? O rei sorriu e arregaçou as mangas.
- Sim, meu filho, sou apenas um mágico.
- Devo saber a verdade, a verdade acima da magia.
- Não há verdade acima da magia - disse o rei. O príncipe encheu-se de tristeza e disse:
- Vou-me matar.
O rei, por magia, fez a morte aparecer. A morte ficou em pé junto à porta e acenou para o príncipe real. O príncipe estremeceu. Ele lembrava-se das belas, mas irreais ilhas e das irreais, porém belas, princesas.
- Muito bem - disse ele. - Posso viver com isso.
- Vê, meu filho - disse o Rei. - Agora também começas a ser mágico.
(A Estrutura da Magia - Bandler)

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