terça-feira, fevereiro 23, 2010

Amor Incondicional


Tal como referi do último artigo, ainda que não tenhamos necessidade de amor constante, todos de alguma forma procuramos isso mesmo – “Amar e ser amados”. Aqui vos deixo algumas dicas de como aumentar as probabilidades de ser amado.

O que é que se pode fazer racionalmente para conseguir o amor de alguém que estimamos? Em primeiro lugar, aprenda a aceitar-se a si próprio, independentemente do amor que os outros têm por si. Porque é que consideramos irracional fazer depender a aceitação própria do amor ou aprovação dos outros? Se só se consegue aceitar enquanto ser humano com valor intrínseco (estima a si próprio) caso os outros lhe dêem a sua apro­vação, está a exigir um certificado de aceitação para se aceitar a si próprio. Como é que alguém pode obter um certificado de aceitação? Ora, este tipo de certificados não existem. Se os exige, está a contribuir para a sua infelicidade; sentir-se-á infeliz não só quando não é aceite (porque tal desta forma, poderá «provar» que você não presta), mas também quando o é; porque, mesmo que seja aceite hoje, vai-se preocupar em continuar a ser aceite dia após dia.

Quando se necessita de amor para aumentar a auto-estima, não só se fica ansioso como também parece comunicar-se a ideia de que: «Só tenho valor quando alguém me ama». Como, possivelmente, em determinados momentos da sua vida ninguém o vai amar, a sua auto-es­tima vai sofrer um abalo e a sua vida vai parecer uma bola de pingue-pongue, em que se sente bem quando é amado e infeliz quando não o é.

Quando acabar por perceber que o verdadeiro respeito próprio, ou aceitação própria, nunca resulta da aprovação dos ou­tros mas sim da decisão de nos aceitarmos como seres humanos fa­líveis que não podem ser objecto de uma avaliação única e do facto de lutarmos pelos nossos interesses e valores, independentemente da aprovação dos outros, estará apto a entender que o acto de amar pode constituir uma experiência absorvente, criativa e promotora de cresci­mento pessoal independentemente de se ser ou não correspondido.

Em segundo lugar, tente conseguir a aprovação dos outros por ra­zões práticas, como o companheirismo, a convivência ou as realiza­ções artísticas ou outras que podem proporcionar prazer a si e aos ou­tros. Você não é amado por si próprio, mas pelas suas qualidades intelectuais ou de carácter, pelas suas características, traços, capa­cidades ou aparência. Pode ser amado porque é amável e carinhoso ou pela sua força e coragem ou por milhares de outras razões. Quando alguém vê em si a materialização dos seus desejos e aspirações mais profundos está pronto a apaixonar-se. Ser-se amado tem muitas van­tagens. Quando se escolhe viver em sociedade, querer aceitação, aprovação e algum carinho da parte dos membros da sua rede social, é adaptativo e saudável. Esta é uma das grandes questões que todos nós necessitamos de resolver, “o desejo humano de amar e ser amado”, mas é importante nunca não o entendermos como uma necessidade absoluta.

Em terceiro lugar, dedique-se mais a amar do que a ser amado, como diz o ditado «amor com amor se paga». Nem sempre é assim, com certeza, mas frequentemente é. Para se viver plenamente, é ne­cessário dedicarmo-nos devotamente, mas sem sacrifício próprio, a outras pessoas, coisas e ideias. A sensação de se estar vivo não resulta da aceitação passiva daquilo que a vida nos oferece, é importante agir, ponderar e conquistar. Constatará que, a partir do momento em que consiga libertar-se da necessidade absoluta de ser amado, estará mais apto a envolver-se noutro tipo de interesses e actividades e irá sentir mais motivado para continuar rumo aos seus outros objectivos, dedicando-se a actividades gratificantes, numa perspectiva de longo prazo.

Não confunda o “ser amado ou aprovado” pelos outros com o seu valor pessoal. Independentemente de quanto os ou­tros o possam amar ou valorizar em benefício próprio, não podem, pelo simples facto de o amarem, «dar-lhe» valor intrínseco como pes­soa. Se conseguir realmente aceitar a verdade importante de que não necessita de se classificar a si próprio de nenhuma maneira, deixará de ter a necessidade desesperada da aprovação dos outros, e assim estará apto a beneficiar das vantagens prá­ticas inerentes à aprovação dos outros e não mais a fazer depender absurdamente o seu valor como ser humano do amor ou aprovação dado ou não pelos outros.

Bem hajam, e sejam felizes.

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