quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Linguagem - criar armadilhas para nós mesmos

Muitos dos problemas que temos são criados ou mantidos por nós mesmos, e muitas vezes não percebemos esse facto. Não percebendo, é natural começarmos a sentir-nos ameaçados, ansiosos, irritados, injustiçados, prejudicados, etc. Nós podemos aumentar os problemas, assim como podemos diminuí-los e isso não tem nada a ver com a dimensão real do problema. Experimente pensar num dos seus problemas. Agora, diga: “Tenho um enorme problema” Como isso lhe parece?
Provavelmente a imagem que vem a sua mente é de que o problema seja realmente enorme. Que tal uma imagem de uma pedra gigantesca a ameaça-lo e a esmagá-lo? Agora, experimente dizer: “Estou a resolver um problemazinho”. E agora? A sensação é a mesma? “Estou a resolver um problemazinho” não combina com ansiedade, nem com a hipotética imagem de pedra gigante e ameaçadora? Provavelmente ao dizer isto sente-se mais leve e dá uma impressão de que o problema está quase resolvido, afinal, é apenas um “problemazinho”…
Algumas pessoas diriam que isso é apenas um jogo de palavras.
Pois estão redondamente enganadas. A maneira como fala sobre o seu problema pode aumentar ou diminuir as suas hipóteses de resolvê-lo.
Não é “apenas uma questão de semântica” ou “jogo de palavras”. Quem fala dessa maneira está a desprezar uma ferramenta muito valiosa para a solução dos seus problemas: a linguagem. A maneira como falamos reflecte a maneira como pensamos e sentimos.
Mas ao mesmo tempo, a maneira como falamos influência a maneira como pensamos e sentimos. E a maneira como pensamos e sentimos influência a maneira como agimos.
Os resultados que obtemos dependem da maneira como agimos. Como as pessoas “aumentam” os seus problemas através do uso inadequado da linguagem? Uma das formas é fazendo afirmações genéricas e globais como estas: “Ninguém gosta de mim”, “Nunca fui com a cara daquela pessoa”, “Esqueço-me sempre de anotar os pontos importantes”.
Compare com estas frases: “A Maria disse que não gosta de mim”, “Eu senti-me incomodado com o olhar daquela pessoa”, “Esta é a segunda vez que me esqueço de anotar um item importante”. Provavelmente sentiu a diferença no “tamanho” dos problemas.
Existem várias outras formas de aumentar ou diminuir um problema.
Outra forma muito comum de aumentar o tamanho do problema: “Ele pensa que eu sou idiota”. A menos que outra a pessoa tenha dito “tu és um idiota”, esta forma de se expressar aumenta o problema, pois está baseada em suposições e provocam sentimentos negativos como raiva, ressentimento, etc. Quer mais exemplos? “Eu não posso falar a verdade”. “Eu não consigo guardar dinheiro”. Ao usar a expressão “não consigo” ou “não posso”, a pessoa sente-se impotente, sem capacidade de solucionar o problema. Se ao invés disso disser: “Eu não quero falar a verdade”, “Eu não quero guardar dinheiro”, o que mudaria? Geralmente as pessoas não percebem que o “não posso” é na verdade “não quero”, mas não querem assumir essa responsabilidade.
Também não percebem que ao fugir da responsabilidade, estão a abrir mão do poder. Por isso, sentem-se impotentes. A maneira como fala dos seus problemas está ajudá-lo a resolvê-los? Se não está, que mudanças poderá fazer na sua linguagem?

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