quinta-feira, setembro 09, 2010

Causa das doenças: negar as nossas reais necessidades.

Quantas vezes temos necessidades físicas e emocionais e as negamos como se não as sentíssemos?
Pode até dizer que sabe quando está com fome e por isso come até mais do que gostaria. Quantas vezes “comeu” mesmo sem fome, só para satisfazer uma necessidade que pensava ser fome?
Tem a certeza que a sua necessidade nalguns momentos é mesmo de comida? Quantas vezes “comeu” por raiva, ansiedade, nervosismo, preocupação e só percebeu os seus reais sentimentos depois que ter comido?
Não percebemos as nossas necessidades na mesma proporção em que não percebemos os nossos sentimentos, negamos até mesmo necessidades básicas. Desde muito pequenos aprendemos a distanciar-nos daquilo que sentimos e a dar prioridade às necessidades dos outros.
Nunca deixou o maior pedaço de bolo ou o maior bife para que o seu marido ou sua filha comesse?
Quantas vezes deixou de comprar uma roupa para si, mas não deixou de comprar para o seu filho?
Ou nunca poupou o seu marido de ter que ir ao supermercado e mesmo sobrecarregada e sem tempo, conseguiu fazer as compras?
Como são divididas as tarefas da casa?
Repartidas entre todos?
Você tem o privilégio de chegar em casa depois de ter trabalhado o dia todo e logo tomar um duche, sem ter nada que fazer?
Ou chega a casa, coloca a roupa na máquina de lavar, o jantar a cozinhar, enquanto isso, liga o computador, vê os e-mails, faz alguns telefonemas pendentes, conversa com o filho, arruma a mesa para o jantar e depois disto tudo, o seu marido chega e ao encontrar tudo praticamente em ordem, ele vai directo para o duche? Será que acontece assim na sua casa?
E ao sair do duche ele vai-se deitar "um pouquinho" porque está muito cansado. E você, como é que se sente?
O que é que faz com que as necessidades dos outros se tornem mais importante que as nossas?

Geralmente nem sequer percebemos que temos necessidades. Algumas vezes não dizemos o que sentimos para evitar “brigas”, e chegamos ao ponto de negarmos a nós mesmos o que sentimos, e assim vamos vivendo, "De barriga cheia". Mas, até quando poderemos viver assim? Já alguma vez parou para pensar nas possíveis causas dessas atitudes? O que é que faz com que neguemos as nossas próprias necessidades enquanto procuramos suprimir as de quem está a nossa volta? De facto, muitas vezes aprendemos a negar as nossas necessidades, ainda muito pequenos, por exemplo, um bebé chora porque está com fome, mas a mãe não o atende.
Por outro lado, quando não chora, a mãe alimenta-o, pois está na hora. Assim, aos poucos, o bebé conclui que ao expressar a sua necessidade, não é ouvido, mas quando não o faz, recebe atenção. Outro exemplo, a criança ao chegar da escola, triste porque se zangou com um amigo, ouve a mãe a dizer que isso não tem importância, porque as zangas de crianças logo passam, que isso é “não é nada”. O que é que “não é nada”, a tristeza da criança? E as infinitas vezes que essa mesma criança ouviu que as criança não sabem o que falam, ou que só fazem coisas erradas? E aquela mãe que diz "não é nada" quando a criança pergunta por que ela está a chorar? Alguém chora porque não estar a sentir nada? É possível sentir-se digno de confiança dessa mãe que nega o que está evidente? Como é que alguém pode crescer a sentir-se importante e consciente do seu valor enquanto pessoa, se tudo que faz ou sente é errado, ou se não lhe dizem a verdade? À medida que essa criança cresce, irá registando no seu inconsciente que é melhor negar e não demonstrar o que sente, pois aprendeu que mesmo que demonstre as suas necessidades, estas não serão atendidas. E você, quantas vezes teve alguém que se importou com o que sentia, com os seus medos, os seus pesadelos, as suas dúvidas, quando era criança? Quem é que o ouvia com atenção e o fazia sentir-se compreendido e seguro? O facto é que antigamente, raramente os sentimentos duma criança eram ouvidos e respeitados, levando-nos muitas vezes à conclusão que para satisfazer as nossas necessidades não devemos demonstrar que as temos. É assim que desde crianças aprendemos a negar as nossas necessidades, sentimentos e sobrevalorizamos as necessidades das outras pessoas. Assim, passamos a dar ao outro aquilo que gostaríamos de receber. Como este processo acontece de forma inconsciente, raramente percebemos que fazemos isso e até damos justificações quando fazemos por alguém o que nem sequer pensamos fazer por nós mesmos. Preocupamo-nos com todos e procuramos realizar as necessidades de todos, suavizamos o sofrimento de muitos, mas insistimos em negar o que está dentro de nós. Resultado: insatisfação, depressão, doenças. Até quando é que irá agir como se não sentisse? Enquanto não respeitar o que sente, o que precisa, dificilmente as pessoas irão respeitá-lo. Procure ouvir-se mais. Identifique o que precisa, as suas necessidades em todos os aspectos, não apenas as físicas, mas também, e principalmente, as suas necessidades emocionais. Do que é que sente mais falta neste momento? De um colo, um ombro amigo para chorar? Fale nisso com o seu namorado, marido, esposa, amigo. Deixe-o saber o que quer, assim dará ao outro a possibilidade de fazer um pouco mais por si. Continue a fazer com que as pessoas que estejam ao seu lado se sintam importantes por serem tratadas da forma especial com que as trata, mas isso não requer que deixe de lado suas as vontades, desejos, necessidades e sentimentos. Não espere que alguém perceba as suas necessidades para que elas sejam satisfeitas. Aquela atenção, amor, carinho e dedicação que distribui entre aqueles que ama? Dê um pouco a si mesmo, sempre e incondicionalmente!

Bem hajam. Miguel Ferreira

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