quarta-feira, fevereiro 09, 2011

A auto-imagem

Por Sara Lindener

Para Feldenkrais, a autoi-magem compreende quatro componentes que interferem em toda a acção: movimento, sensação, sentimento e pensamento. Cada um destes componentes actua em distintas proporções, dependendo de cada contexto particular. E cada componente recebe interferência dos demais.

Para a depressão, por exemplo, faz falta adoptar uma certa postura corporal, pensar numa determinada maneira e ter uma sensação (visual, auditiva ou cinestésica). Para cantar uma música, é necessário que haja um pensamento, um movimento, uma sensação e um sentimento. E isto é assim para qualquer acção que queiramos fazer na vida. Não é possível viver se algum destes componentes cair abaixo de um nível ou desaparecer completamente.

A autoimagem vai-se mudando e modificando ao longo do tempo, mas de forma quase imperceptível as acções vão-se transformando em hábito.

É preciso considerar que a nossa auto-imagem vai crescendo à medida que vamos desenvolvendo as nossas diversas capacidades. As células que temos utilizado efectivamente são as que configuram a nossa autocimagem, facto que faz que esta seja menor do que poderia ser. Um exemplo disso são as pessoas que falam mais de um idioma porque têm sua auto-imagem mais perto do máximo potencial do que a pessoa que fala apenas um idioma. Isto leva-nos a deduzir que são mais importantes os vários padrões e combinações de células do que o seu número material.

O facto de que determinamos metas e consigamos alcançá-las faz com que coloquemos um fim na nossa aprendizagem, fazendo com que na maioria das vezes, em muitos casos, o ser humano utilize apenas 5% do seu potencial.

Para atender às necessidades básicas da sociedade basta que os membros desenvolvam no mínimo a sua auto-imagem. Porém, nesta situação, haverá alguém que vá além e continue esse processo de desenvolvimento. Há certas células que influenciam o desenvolvimento da auto-imagem porque demoram mais a serem utilizadas ou que nunca chegam a ser utilizadas, já que, ao não se desenvolverem, impedem que a imagem se desenvolva.

O valor que o homem dá é que na sociedade se tem o costume de julgar a si mesmo. E, a avaliação que ele faz de si mesmo influenciará o seu aprimoramento.

Uma vez que criamos alguns padrões de conduta, estes influenciarão as condutas que aprenderemos mais tarde. Por exemplo, se aprendemos uma técnica de pintura e depois aprendemos outra, haverá uma tendência de utilizarmos a técnica empregada na primeira quando aprendamos à segunda.

Há partes do nosso corpo que, ao não serem usadas de maneira clara, não temos uma consciência clara sobre a sua existência. Ou seja, se alguém não realiza uma actividade, não pode sentir a parte de seu corpo que a realiza como parte de sua auto-imagem. Uma pessoa que não saiba nadar, não terá o conhecimento de que sincronizando o movimento dos pés com o dos braços poderá avançar dentro da água.

Neste contexto, aparece uma situação que ao mesmo tempo é estranha e ideal. Esta situação é a de um conhecimento completo de nossa auto-imagem, já que supomos uma consciência continua do nosso corpo.

O homem pode configurar a sua imagem exterior de acordo com o que quiser que os outros pensem dele e só ele saberá qual parte desta imagem é mais certa e qual é mais falsa.

Sem comentários: